Os guerreiros do ferro-velho
No castelo do Trolaró
viviam muitos guerreiros. Eram marqueses, duques, condes, barõe. Não
sabiam trabalhar, só pensavam em lutar. Os camponeses trabalhavam para
eles: davam-lhes tudo o que precisavam para comer e até o óleo para as
brilhantes armaduras. No dia da grande festa do Castelo do Trolaró,
organizou-se um vistoso torneio: os guerreiros iam lutar uns com os
outros para ver qual deles era o mais valente. Antes da terrível luta,
houve um desfile dos marqueses, duques, condes e barões. Começou o
combate! Quem iria ganhar? D. Policarpo Picoalho, o Justiceiro, feroz e
duro, foi de todos o primeiro a fugir, cheio de medo e a sangrar. D.
Fernando Arremacho, marquês de Carambola, levou uma cacetada na tola. D.
António Sigesmundo Meireles y Torrado levou uma espadeirada no rabo. D.
Mário, o Olímpico, duque de Algueirão, ficou estendido, ao comprido, no
chão. D. Sancho, barão dos quatro Costados, ficou partido em mil
bocados. O conde de Corroios, D. Luís Simão, tinha uma reluzente
armadura comprada em segunda mão, mas agora estava estragada. Afinal
quem ganhou? Ficou apenas um monte de sucata do que eram vistosas
armaduras. Ficaram apenas trastes metálicos de elmos, arneses, cotas de
malha tudo despojos, tudo tralha. Afinal quem ganhou? Foi alguém que não
era guerreiro, não era conde nem barão, não era duque nem marquês. Foi o
ferro-velho, que levou a sucata pelo tesouro de boa lata!